Sacrifício...
Hoje tive a oportunidade de ler
uma reportagem sobre o homem do momento no futebol luso Jackson Martinez. A
reportagem em si não trás absolutamente nada de novo, contudo eu gostaria muito
que todos os atletas de formação a lessem e compreendessem o que é acreditar em
“nós”, o que é acreditar no nosso “sonho”.
«Oriundo de uma família modesta, sujeita a privações assustadoras,
Jackson alimentava-se de sonhos e ilusões. Como qualquer outro menino (…).»
Nos anos que já levo como
treinador passaram por mim vários meninos que sonhavam (ou sonham) ser
jogadores da bola, mas a verdade é que não fazem a mais pálida ideia do que é
ser jogador da bola.
Os mais novos carregam a
ingenuidade de acreditar que todo é fácil e esquecem que ser jogador da bola
implica muito sacrifício e muita humildade.
Ser jogador da bola com sucesso
não é sinonimo de fintas e golos, é antes de mais capacidade mental forte,
predisposição para ir para além dos limites e uma enorme apetência para querer
aprender.
«Os maiores problemas eram, no entanto, de componente física.
Esqueçam o Jackson musculado e potentes que conhecem. Por aqueles dias, o rapaz
era pele e osso. Pedro Sarmiento (Treinador de Jackson) fez, de resto, uma
descoberta preocupante.
Não se alimentava bem, passava fome em alguns dias. Já era profissional e vivia assim, sem condições. Tive de ser eu a oferecer-lhe a roupa para vestir e o equipamento para jogar: calções, meias, caneleiras e chuteiras. Era pobre, paupérrimo».
«Era um muro de silêncio e vergonha. A dada altura passou a chegar sempre tarde aos treinos. Gritava com ele e não me respondia».
Jackson não se justificava nem pedia desculpa. Tudo por timidez. «Vim a saber, por outros, que o dinheiro lhe acabara e ele passou a vir a pé para os treinos. Caminha duas horas para um lado e duas para o outro».
Não se alimentava bem, passava fome em alguns dias. Já era profissional e vivia assim, sem condições. Tive de ser eu a oferecer-lhe a roupa para vestir e o equipamento para jogar: calções, meias, caneleiras e chuteiras. Era pobre, paupérrimo».
«Era um muro de silêncio e vergonha. A dada altura passou a chegar sempre tarde aos treinos. Gritava com ele e não me respondia».
Jackson não se justificava nem pedia desculpa. Tudo por timidez. «Vim a saber, por outros, que o dinheiro lhe acabara e ele passou a vir a pé para os treinos. Caminha duas horas para um lado e duas para o outro».
Sonhar obriga exactamente a isso mesmo sacrifícios
pessoais que por vezes ninguém quer assumir.
Sacrifício é uma palavra que acompanha
sempre os grandes talentos do desporto e quando se trata de pontapés na bola
acumulam-se histórias atrás de histórias.
Eu pergunto a cada um dos meus atletas
haverá alguém capaz desse sacrificar por um sonho?
A resposta salta como uma mola: «Claro!»
Mas a verdade é que a
formação/educação que se dá é contrária a sacrifícios.
Entenda-se que sacrifícios não são só
passar fome, andar a pé ou privarmo-nos de luxos é muitas vezes compreender que
a vida é um jogo em que se dá e recebe de acordo com o nosso empenho.
Já tive oportunidade de trabalhar com
atletas com um potencial tremendo, contudo não foram capazes de perceber que a sacrifícios
que fazem a diferença na evolução de um atleta.
Atletas referenciados como “bons”
passaram a ser “medíocres” porque ninguém quer jogadores que não sabem o que é
viver num mundo cheio de regras como o do desporto e principalmente porque tem
comportamentos desviantes (como tabaco, drogas, etc.) que mais tarde ou mais
cedo a irá prejudicar nas suas prestações.
Já para não me debruçar no fato de nos
dias que correm ser impossível um jogador “ignorante” chegar aos grandes palcos
do desporto.
Como já escrevi não basta marcar
golos, fintar ou correr bem é importante que o atleta faça o sacrifício de
criar objectivos desportivos e principalmente académicos porque nos dias que
correm não há espaço para jogadores ignorantes. A comunhão do desporto com a
vida académica potencia ao atleta um desenvolvimento mental e físico que o
catapultará para patamares de excelência.
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